quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Fui ver o filme "O estranho caso de Benjamin Button". Só queria fazer uma referência a algo que passa despercebido em toda a beleza do filme e em todo o enredo. O papel daquela mãe, que assume um bebé diferente, que aceita a diferença.

É muito difícil ser-se mãe de uma criança diferente, toda a vida ouvimos dizer "Quando tiveres filhos vais ver as despesas que vais ter com os telefonemas", nunca ninguém nos diz "Quando tiveres filhos vais ver as despesas que vais ter com equipamento especializado", toda a gente nos diz "Começa já a poupar para as propinas da faculdade", nunca ninguém nos diz "Começa a poupar para tratamentos caríssimos", toda a gente nos diz "Depois vê-los sair de casa é que dói", nunca ninguém nos diz "Depois vê-los dependentes de nós para sempre é que dói". Naturalmente que nunca ninguém nos diz isto, eu não diria a ninguém, mas as expectativas que se criam não só pela mãe, por todos, são totalmente abaladas.

É muito difícil ver jovens, já no inicio da sua maioridade, que têm visivelmente algum défice e que os pais, com medo das respostas, optam por desprezar. E isto acontece mais do que eu imaginava. É natural ver crianças com indícios de alguma perturbação do desenvolvimento mas que os pais vão justificando com "Ah, o pai também começou a falar tarde", "Ah, eu também não tinha jeito nenhum para tudo o que fosse físico" e assim adiar o diagnóstico uns meses, é grave, é preocupante e principalmente é retirar as possibilidades terapeuticas deixar estas situações arrastarem-se até à casa dos 20 anos... Infelizmente isto acontece. Sinceramente, entendo estes pais, percebo a sua angústia, o seu sentimento de culpa e a sua incapacidade para reagir, como é que, alguém de fora, chega e diz "Isto não é normal!?" É fundamental que se entenda que em crianças pequenas se pode fazer tanto, mas tanto, e que não é de forma nenhuma comparável com idades posteriores. É angustiante para quem vê estas situações e não pode fazer nada. É ver o sofrimento da pessoa, ver um futuro que poderia ser muito mais promissor, mas que, infelizmente, nada é feito...

Um comentário:

Anônimo disse...

olá! antes de mais, parabems pelo blog e obrigada pela visita.

quanto a esta post, de facto, a força de uma mulher assim merece ser referida. adorei o filme no seu completo. ainda no outro dia ouvi uma mulher dizer que bastava o medico desconfiar que o feto tinha algum problema, abortava logo. deixou-me a pensar...

continuação de bom trabalho!